Vida e missão nas terras sagradas do sertão
Vida e missão
nas terras sagradas do sertão
“Ide e
anunciai”
No dia 15 de
agosto, mais uma vez, partimos para a Bahia, mais precisamente para o sertão da
Bahia. Nosso destino: Cidade da Barra – Paróquia São Francisco de Chagas.
Estávamos em
três ônibus, aproximadamente 130 pessoas das diversas cidades de nossa Arquidiocese
de Florianópolis. Pessoas de idades diversas, profissões das mais variadas, porém
todos com um só desejo: “Servir!”.
Chegamos à
cidade da Barra depois de quase 60 horas de viajem. Durante a viajem orações,
cantos e contos preencheram o nosso tempo e nos encheram de esperanças.
A recepção,
como sempre foi cheia de alegria e muito calorosa. Nos olhos de todos víamos um
brilho, um brilho luminoso...
Banda, fogos,
cumprimentos e abraços cheios de afeição e de boas vindas, parecíamos velhos
amigos que se reencontravam.
Eis que, ao
nosso encontro, vem o Bispo da Diocese da Barra, Dom Frei Luis, um franciscano
no verdadeiro sentido, um pastor que conhece as ovelhas pelo nome e que tem o
cheiro do seu rebanho. Dom Luis nos acolheu com carinho e gratidão. Seu olhar e
seu sorriso expressam uma bondade sem igual.
Acolhida,
almoço, distribuição das equipes e Missa de envio. Cada momento vivido era de
muita expectativa e ansiedade.
De todos os
lugares da cidade chegavam conduções para o translado dos missionários para as
comunidades. Como imaginar uma paróquia com mais de 90 (noventa) comunidades, e
apenas um padre (Pe. Antonio).
Quanto a mim
fui encaminhado para a comunidade Nossa Senhora Aparecida, no bairro do Barro
Vermelho, eu, Delaudino de Biguaçu, Cleide de Florianópolis, e Julio de
Florianópolis e dona Joana do Muquém do São Francisco (BA).
Todos os dias
o trabalho missionário começava com a aurora, rezávamos o terço, caminhando
pelas ruas do bairro. Em seguida tomava-mos café e com os grupos divididos
saíamos para as visitas nas famílias do bairro. Um sol escaldante que ardia e
queimava os pés nas caminhadas (longas), porém o que compensava tudo, era
acolhida e o carinho das pessoas visitadas.
Em cada casa,
em cada família... Uma história, um testemunho. Em algumas partilhava-mos
sorrisos e brincadeiras, outras era quase impossível conter o soluço e as
lágrimas.
O ganhar um
terço, um escapulário, uma medalha etc, é para aquelas pessoas um gesto de
carinho imenso, que é retribuído com muita gratidão.
O povo do sertão
não reclama, o povo do sertão é generoso com o pouco que tem, e em momento
algum se ouve queixas ou lamúrias pelos infortúnios. Em tudo dão graças a Deus,
e se Deus assim o quis, que assim seja.
A seca já
dura mais de 3 (três) anos a terra escorre por entre os dedos, as plantas e os
animais já dão sinais de não aguentarem mais. O Rio São Francisco está
baixando, dia a dia, e o seu nível, e é ainda ele que abastece todo aquele
sertão.
A comunidade
Nossa Senhora Aparecida, tem a sua frente, uma grande líder, professora Angela,
tem uma P.J., pequena, mas ativa entusiasmada são eles os catequistas e quem
cuida da infância missionária.
Devemos
lembrar com um carinho, das Legionárias de Maria, um verdadeiro exército em
ordem de batalha.
Chegamos ao final da
missão, nossos pés marcados pelo pó da estrada e nossos corações marcados com
os gestos de carinho e afeição daquele povo, tão maravilhoso do sertão.
É hora de partir!
Impossível é conter a emoção, os bilhetes e os desenhos das crianças, o olhar
de despedida, e a gratidão dos idosos, tudo é indescritível!
Saimos, era
uma noite linda, a lua e as estrelas desenhavam no céu um espetáculo de rara
beleza e no silêncio da noite e jpa, em nossos bancos, no ônibus cantávamos,
com voz embargada e silenciosa: “Não há ó Gente, ó não, não há - luar como esse
do Sertão”
“O último
olhar poderia ser de um até breve, ou quem sabe de um Adeus”.
Amém
Paz e Bem!
Márcio
Antônio Reiser
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