Santa Irmã Dulce dos Pobres
A primeira santa nascida no Brasil
“Uma sociedade só
pode ser feliz quando o conhecimento estiver plenamente dividido entre todos os
seus filhos”(Sta. Irmã Dulce)
No ano de 1914, mais precisamente no dia 26 de maio, mês
dedicado a Virgem Maria, nasceu a primeira filha do renomado Cirurgião Dentista
da cidade de Salvador (Bahia), Dr. Augusto Lopes Pontes casado com Dona Dulce
Pontes. Na Pia Batismal a menina recebeu o nome de Maria Rita de Souza Brito
Lopes Pontes, na sequência nasceram Augusto, Dulcinha, Geraldo e Regina, que
veio a falecer logo após o parto assim como sua mãe.
Dr. Augusto, além de cirurgião dentista, lecionava na
Universidade de Bahia portanto era claro que as condições financeiras da
família eram privilegiadas. Sempre foi um pai presente, aos filhos ensinou os
mais vivos sentimentos de Fé, amor ao próximo, generosidade e partilha,
era uma família exemplar. Tão logo ficaram órfãos de mãe, Maria Rita e seus
irmãos passaram a ser cuidados pelas tias que eram bondosas, porém rigorosas e
severas na educação dos pequenos. Depois de alguns anos Dr. Augusto
casou-se novamente e dessa nova união nasceram Terezinha e Ana
Maria.
Maria Rita, tão logo entrou na adolescência começou a
despertar para as realidades desiguais em que viviam tantas pessoas, eram
poucos os que gozavam de tantos privilégios, com a sua família. Uma de suas tias,
Dona Madalena todos os domingos, logo depois da Santa Missa, levava Maria Rita
para visitar os doentes e enfermos, os pobres e marginalizados da
periferia de Salvador, todos recebiam carinho, atenção e algum recurso material
de que precisavam. A jovem Maria Rita ficava encantada com todo esse trabalho.
Tocada pela graça, começou a praticar suas obras de caridade na porta de sua
casa, eram muitos os que recorriam a bondade da pequena Jovem. Maria Rita
sempre teve o apoio do pai para as suas obras, Dr. Augusto não se deixava
vencer em generosidade.
Foi no ano de 1929 que Maria Rita entrou para a ORDEM
FRANCISCANA SECULAR, onde professou solenemente no dia 15 de janeiro de
1933, passou a ser o braço direito de seu confessor Frei Hildebrando Kruthaup
OFM e com ele fundou a “União Operaria de São Francisco de Assis”, que
mais tarde passou a se chamar “ Círculo Operário da Bahia”.
Nunca foi surpresa para ninguém o desejo de Maria Rita
de se tornar religiosa, porem atendendo a um pedido de seu pai decidiu concluir
a escola Normal. Cumprida a promessa, Maria Rita ingressou no Convento do
Carmo, na cidade de São Cristóvão (Sergipe), no mês de fevereiro de 1934, era o
convento das irmãs missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de DEUS. Lá ela
adotou o nome de Irmã Dulce, em homenagem a sua falecida mãe. No ano de 1938,
junto com outras noviças emitiu os votos perpétuos.
A década de trinta marcou profundamente a vida do povo
nordestino, a seca era implacável assolava o sertão, incontáveis foram os
sertanejos que deixaram suas terras e partiram para as grandes cidades do
nordeste e do sudeste. A cidade de Salvador, assim como as outras cidades
grandes, tornou-se um cenário de desolação e miséria. Era impossível atender
tanta demanda. Foi Por esse tempo que Irmão Dulce retornou a Salvador seu
coração ficou apertado em ver tantos irmãos e irmãs a margem das ruas e vielas
da cidade. Chegando ao convento, foi designada para os serviços de Porteira e
sacristã. Em nome da obediência, começou a fazer um curso de Farmácia com
noções de enfermagem, logo em seguida exerceu a função de enfermeira chefe do
setor de radiologia do Hospital Espanhol.
Num belo dia recebeu a notícia de sua transferência para o
Colégio Santa Bernadete, também em Salvador, em nome da santa obediência
aceitou e partiu, claro que seu coração estava sangrando, afinal adorava cuidar
dos doentes e enfermos. Irmã Dulce não reclamou, porem suas superioras
perceberam o seu silencioso sofrimento, decidiram por autorizá-la a cuidar dos
pobres e marginalizados da periferia. Seus olhos brilharam de emoção e
gratidão, era tudo o que ela mais queria. Logo arregaçou as mangas e partiu
para a ação, começou pela alfabetização dos filhos dos operários, em seguida
com a evangelização das crianças e depois com adultos, assim como a
alfabetização, indo inclusive para os pátios das fabricas no horário do almoço.
Irmã Dulce era um tudo para todos, seu jeito simples, alegre
e humilde encantava a todos que sentiam o seu toque ou ouviam seus
ensinamentos. Suas mãos viviam carregadas de provimentos para os mais
necessitados, era um ir e vir sem conta. Em seu coração sempre achou que nada
fez, tudo foi um nada diante do imenso amor de DEUS. Sempre com seu gesto de
pedir de estender a mão em súplica pelos menos favorecidos, recebeu como
recompensa um escarrada em suas mãos ao que prontamente respondeu: “Isso eu
sei, é para mim e eu agradeço, agora seja generoso e abra o seu coração para os
menos favorecidos, o homem meio que envergonhado e sem jeito, tirou do
bolso uma significativa quantia e colocou nas mãos de Irmã Dulce. Ela feliz da
vida saiu louvando a DEUS por todas as coisas.
Muitos eram contrários aos seus gestos outros, não só
apoiavam como ajudavam da melhor maneira que podiam, sua fama se espalhava pela
grande Bahia de todos os Santos. Num belo dia, andando pela rua ouviu uns
gritos:” Irmã Dulce, Irmã não me deixe morrer na rua”, era o grito de um menino
de doze anos, que estava doente. Irmã Dulce, prontamente tomou o menino pelas
mãos, e sem nada para oferecer saiu com ele pelas ruas. Ao passar pela Ilha dos
Ratos, um bairro pobre de Salvador, avistou um conjunto de casas abandonadas e
não contando tempo pediu a um transeunte que arrombasse a porta da casa,
arrombamento feito estava aberta a porta do primeiro Hospital de Irmã Dulce.
Tão logo apareceram outros doentes, mais casas foram
arrombadas, assim sendo logo Irmã Dulce foi expulsa das casas com seus doentes,
indo para os arcos da rampa, próximo a Igreja do Bom Fim, de lá foi expulsa
pelo Prefeito. Sobrou somente um opção: Ocupar o antigo galinheiro do
Convento Santo Antônio, obteve para tanto o consentimento da superiora. Como a mudança
da Sede do Círculo Operário era necessária, Irmã Dulce e Frei Hildebrando foram
de porta em porta pedir ajuda para comprar o terreno ao lado do convento,
adquirido o terreno e com a ajuda dos operários do Círculo, foi construído o
primeiro núcleo do Albergue Santo Antônio. Somente em 1959, com recursos vindo
de muitos lugares, foi construído o Hospital Santo Antônio e criada as Obras Sociais
Irmã Dulce. Em seguida vieram o pavilhão para os idosos, centro de recuperação e
profissionalização dos Jovens, nos jovens ela colocava toda a sua esperança,
nunca desanimava quando fugiam e retornavam para as ruas. Volta e meia achava
um jeito de ir buscá-los. Nunca desistir, jamais desanimar o Senhor os amou
primeiro...
Por duas vezes Irmã Dulce esteve com São João Paulo II, na
segunda estava no Hospital bastante debilitada. Amada por muitos, admirada por
todos, políticos, cantores, artistas, personalidades internacionais etc. Irmã
Dulce dormia poucas horas por dia e pouco que dormia era numa cadeira de
madeira, tipo cadeira do papai. Seu dia era de idas e vindas em busca de
recursos para as suas obras, mesmo enfraquecida pela enfermidade (enfisema
pulmonar com outros agravantes), nunca deixou-se abater, era um
consumir-se por amor; A DEUS e aos irmãos.
Seu martírio durou 16 meses no Hospital, seu consolo eram as
irmãs, seus familiares, seus colaboradores e os pobres que tanto amava. No dia
13 de março de 1992, O Brasil recebeu com dor a notícia da morte de Irmã Dulce,
o anjo bom da Bahia, a Dulce dos Pobres, foi uma comoção geral e uma
incontável multidão acompanhou o funeral e o cortejo fúnebre, muitas
autoridades da Bahia e do Brasil se colocaram em fila para a despedida daquela
que já gozava a Bem-Aventurança do céu.
Suas relíquias foram trasladadas para a Igreja Imaculada
Conceição da Mãe de DEUS, no ano de 2010, quando o então Papa Bento XVI,
reconhecendo o milagre, declarou Irmã Dulce Bem-Aventurada. Um segundo milagre ocorrido
pela intercessão de Irmã Dulce abriu o caminho para sua canonização, que
ocorreu no dia 13 de outubro de 2019 quando Papa Francisco proclamou Santa Irmã Dulce
dos Pobres, a primeira santa nascida em solo brasileiro.
Que seu exemplo nos inspire, seu amor a Jesus Eucarístico, a
Virgem da Conceição e a Santo Antonio nos motivem a viver melhor o Santo
evangelho
Santa Irmã Dulce dos Pobres, rogai por nós...
PAZ E BEM
Marcio Antonio Reiser O.F.S.
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