Vida e Missão no Sertão da Bahia
Vida
e Missão no Sertão da Bahia
O documento de Aparecida
item 145, nos diz que: "A missão não se limita a um programa ou projeto,
mas é compartilhar a experiência do acontecimento do encontro com Cristo,
testemunhá-lo e anunciá-lo de pessoa a pessoa, de comunidade a comunidade e da
igreja a todos os confins do mundo."
Meu nome é Marcio Antonio
Reiser, sou natural de Itajaí-SC, tenho 50 anos, sou casado com Graziele
Carvalheiro Reiser à 27 anos e sou pai de 3 filhos; Bruno, Gustavo e Fernando.
Sou proprietário de uma livraria católica, em Itajaí, chamada Auxílio dos
Cristãos.
Como cristão católico
pertenço a Ordem Franciscana Secular, Fraternidade São Luchésio e Buonadona de
Balneário Camboriú, onde professei em 2004. Sou catequista à 25 anos e sou Legionário
de Maria, na Paróquia do Ssmo Sacramento de Itajaí-SC.
O desejo de participar das
santas missões populares, foi despertado em meu coração quando li o livro:
"Nos sertões do São Francisco", do amigo, Pe. José Artulino Besen. A
descrição do mundo de missão me encantou e me deixou inquieto.
Confesso
que por várias vezes fui convidado a participar do projeto missionário das
dioceses irmãs, Arquidiocese de Florianópolis e a Diocese da Barra, São
Francisco das Chagas.
Somente no ano 2010, decidi
participar da primeira experiência missionária que aconteceu em Xique-Xique, na
margem do rio São Francisco, paróquia do Senhor do Bom Fim. Foi realmente, uma
experiência sem igual, um acontecimento que mudou significativamente a minha
vida.
Eu, e mais dois jovens,
Marcel de Florianópolis e Luzineide de Morpará (BA), fomos designados para a
ilha do Mucamo, distante quase 5 horas de barco, do centro da cidade. Um lugar
de muita seca, calor e privações, porém cheio da graça de Deus e de Homens e
mulheres de fé e de corações generosos.
No olhar das crianças
encontramos o brilho da inocência e nos gestos e brincadeiras a pureza e a
simplicidade.
Ainda hoje trocamos
correspondências, e a cada carta que chega, um aperto de saudade de um tempo
que marcou profundamente nossas vidas para sempre...
Em julho deste ano de 2012,
o nosso destino foi a cidade baiana de Brotas de Macaúbas, mais precisamente a
comunidade do Cocal, foram quase 3 dias de ônibus, mais ou menos 3260 Km para
ir e 3260 para voltar.
A comunidade do Cocal ou
Pró-Paróquia do Cocal é bastante distante do centro, um povo alegre e acolhedor
nos recepcionou na entrada, fogos, cânticos e saudações alegres. O Bispo da
Barra Dom Frei Luis Capio, veio ao nosso encontro e a cada um dos missionários,
saudou com palavras de gratidão e estímulo; um pastor cheio de bondade.
Os grupos foram definidos,
logo após o almoço, servido com muito carinho e generosidade. Todas as equipes
receberam de Dom Capio, o envio e a provisão temporária para o tempo de missão.
Nosso grupo foi designado
para a comunidade de Santo André, distante 45 minutos do Cocal. Éramos 3 de
nossa Arquidiocese e 3 da Diocese da Barra, e mais o Pe. Yuri, também da Diocese
da Barra.
Fomos
acolhidos com tanto carinho, que parecíamos velhos conhecidos que se
reencontravam. O baiano é por natureza um povo que acolhe com alegria.
A cada dia visitávamos as
casas e a cada visita os moradores nos acompanhavam, ao final éramos um grupo
enorme, e todos se alegravam com as visitas e as bênçãos das casas.
Era um peregrinar, por vezes
cansativo, pelo calor de quase 40 ºC, um sol
escaldante e as distâncias bastante longas. Porém o nosso conforto era a
alegria dos moradores em receber os missionários e o número cada dia maior de
pessoas nas celebrações Eucarísticas a noite.
O dia da missão iniciava com
a reza do Santo Terço às 5:00 da manhã, em todas as comunidades, a
religiosidade popular é um diferencial do povo do sertão. A beleza das cantigas
e o simbolismo dos gestos enriquecem a nossa vida de fé. Somos eternos
aprendizes!
Um povo que pede a benção e
abençoa, é um povo abençoado. Quantas bênçãos recebemos daqueles idosos de
rostos queimados e mãos calejadas pelo trabalho. Quantas histórias, quantos
causos e quantas lendas.
O ofício de Nossa Senhora, o
Santo terço, são devoções caríssimas para o sertanejo, o Santo Reis, a Bandeira
do Divino e o Estandarte de São Sebastião percorrem as comunidades e cada um
com uma característica própria.
Um povo simples e generoso,
que tudo o que tinha de melhor é destinado para as missões. Encontramos jovens
alegres e entusiasmados, seus olhos brilhavam com as propostas e os desafios
que o evangelho nos impõe.
E o que dizer das crianças!
Eram sempre momentos de alegria, todas as tardes às 15:00, as crianças sempre
bem arrumadas, aguardavam a nossa chegada na igreja, para as orações, cantos,
brincadeiras, leituras, pinturas e desenhos e no final doces, e uma pequena
lembrança daquele momento.
A despedida é o pior
momento, impossível é não chorar, impossível é não se comover com as expressões
de carinho de todos. São bilhetes, desenhos, uma bala, um abraço muito apertado
e um soluço quase abafado...
A missão é um eterno
aprendizado! Trazemos muito mais do que levamos, deixamos um pedaço de nossos
corações, e trazemos um pedacinho de cada um para preencher o nosso espaço.
Concretamente falando;
Deixamos um grupo do terço dos homens com 52 membros. Foram dados os primeiros
passos para criação da pastoral do idoso. Foram criados mais dois grupos
bíblicos. O grupo de jovens e a pastoral catequética ganharam um novo impulso e
a pastoral da criança ganhou mais duas voluntárias.
Quando estávamos entrando em
nosso ônibus, uma jovem, chorando, disse: " Nossas vidas nunca mais serão
as mesmas..." Eu digo a mesma coisa...
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