“Jerônimo e Zélia –A Santidade a Dois”

Família– BERÇO DE TODAS AS VOCAÇÕES.


Na cidade de Magé, estado do Rio de Janeiro, nasceu no dia 26 de julho de 1851 o filho primogênito do casal Fernando de Castro Abreu Magalhães e Rosa Rodrigues de Magalhães, que na Pia Batismal recebeu o nome de  Jerônimo de Castro Abreu  Magalhães. Dona Rosa veio a falecer quando Jerônimo e sua irmã Bárbara eram muito pequenos, sendo assim, foram levados a Portugal e entregues aos cuidados de uma tia materna.Jerônimo estudou no Colégio dos Nobres em  Lisboa e alguns anos mais tarde foi estudar Humanidades na Alemanha.Quando completou 20 anos e já formado em Humanidades e como Bacharel em Letras e Filosofia, desejou voltar ao Brasil e  já no Brasil, formou-se em Engenharia Civil no ano de 1875.
A bela cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, foi o berço de uma de suas filhas mais ilustres, a filha do Dr.João Pedreira e de Dona Elisa Amália de Bulhões Pedreira, Zélia Pedreira, que nasceu no dia 05 de abril de 1857, era uma dos cinco filhos do ilustre casal.Dr João  era um homem  bastante conceituado na Corte, exercia a função de Secretário do Supremo Tribunal, moravam  num belíssimo solar no alto da Tijuca chamado de Chácara da Cachoeira. A referida chácara era frequentada por fidalgos, nobres, ilustres figuras do meio artístico e cultural, escritores e principalmente por Bispos, Religiosos, Missionários, Sacerdotes, que encontravam acolhimento e generosidade em seus anfitriões.
Zélia sempre foi  uma menina inteligente, estava muito a frente de seu tempo, lia muito principalmente livros das Ciências, das artes, das conquistas, mas e principalmente as Obras completas de Santa Teresa D’Avila, era um prodígio de criança.Por vezes sonhou em partir para a Espanha para fazer o noviciado no Carmelo, ser carmelita sempre foi um sonho que por receio guardou para si.Zélia estudou e falava fluentemente o francês inglês,alemão, latim, grego e italiano.
Deus preparou o jovem casal e providenciou que se encontrassem e que desse encontro nascesse um belo e eterno amor, foi amor a primeira vista pois ambos eram bastante religiosos e com princípios alicerçados  na fé Católica, eram amantes dos livros, das artes e das ciências, falavam vários idiomas e principalmente defendiam ideais de igualdade, fraternidade e liberdade, onde todos são iguais, sem distinção!
O jovem casal uniu-se em matrimonio no dia 27 de julho de 1876 e foram morar na rica fazenda de Santa Fé, também no estado do Rio de Janeiro. A fazenda de santa fé tornou-se um lugar de acolhimento e um vasto campo de apostolado.Jerônimo e Zélia estavam sempre atentos as necessidades dos empregados, dos servidores,  dos escravos que logo foram alforriados e tratados com dignidade e com direitos estabelecidos, todos eram tratados com amor, respeito e justiça, eram amados e respeitados por todos, era um “Santo Casal” diziam!
O que vale a pena contar é o fato acontecido no ano de 1872, quando a jovem Zélia foi convidada pelo Pároco de Petrópolis, para abraçar a vida religiosa e ser a Superiora de uma Congregação.Zélia ainda não havia conhecido Jerônimo, portanto estava propensa a atender o convite do Pároco.Seu pai não aprovava a ideia do Padre, porem decidiu levar sua filha ate a cidade mineira de Baependi, onde vivia a Sra.Nhá Chica(Hoje Beata Nhá Chica), que tinha fama de  conhecer e perscrutar corações.Nhá Chica recebeu a comitiva, ouviu os argumentos do pai, do Padre e da Jovem Zélia.Pediu licença e foi ao seu quarto conversar e orar a Virgem da Conceição, depois de algum tempo voltou  e disse a jovem:”Hoje farás a vontade de teu pai, não entrarás para o convento, pois Deus te enviará um santo homem e com ele casaras e darás um grande prole a Igreja e já no final de tua vida realizarás teu sonho de te dedicar totalmente a DEUS!”Voltaram todos para casa conformados e silenciosos e cada pensando nas palavras daquela Santa mulher da Minas Gerais.
O jovem e piedoso casal mandou buscar uma bela imagem da Virgem Maria, na cidade de Lourdes na França e foi colocada numa gruta na fazenda Santa Fé, a gruta era lugar de muitas romarias, terços incontáveis eram rezados ali!Porem já no ano de 1894, por motivos de saúde, a família  passa a morar na cidade de Petrópolis, e lá a nova casa tornou-se lugar de acolhimento e apostolado.
Zélia dava aulas de catecismo, alfabetização(fundou uma escola e que alem de ensinar as crianças, ensinava os pais em aulas noturnas).Não perdia tempo, ela com os filhos maiores eram os professores, catequistas etc.
Da união de Jerônimo e Zélia, nasceram treze filhos:Maria Elisa,Maria Rosa,Maria Leonor, Maria Barbara,Maria Tereza, Maria Joana, Maria Amália e Maria de Lourdes. E os homens, Jerônimo,Francisco, José, Fernando, João José, e Luis(Quatro morreram ainda pequenos).O mais interessante é que todos os filhos abraçaram a vida sacerdotal e religiosa:Maria Elisa,Maria Leonor,Maria Joana e Maria Amália entraram para a Congregação de Santa DOROTÉIA, Maria Barbara e Maria Rosa entraram para a Congregação do Bom Pastor,Jerônimo ingressou na Congregação da Missão, Fernando na Companhia de Jesus(Jesuítas) e João José tornou-se Franciscano.
O Sr. Jerônimo era da Terceira Ordem de São Francisco, hoje Ordem Franciscana Secular, e no ano de 1909 aconteceu as Santas Missões em  na cidade do Carmo, e o Sr.Jerônimo foi incansável em acolher a todos os Bispos, Padres,Religiosas,Missionários leigos etc Foi um trabalho grandioso, incontáveis confissões, preparação para os sacramentos, registro de pessoas, alimentação para todos, acomodação para todos, enfim um trabalho exaustivo porem gratificante com seus resultados.Dona Zélia estava no Recife visitando a filha mais velha, por isso não participou das missões.Jerônimo, no final da missão, vindo a cavalo da casa de um fazendeiro, foi surpreendido por uma forte chuva que o deixou com uma febre de 40graus, era uma pneumonia fatal que se desencadeava.
Dona Zélia  estava a caminho a bordo de um Vapor que vinha de Recife, era o dia 12 de agosto de 1909, quando Sr. Jerônimo veio a falecer, estava com 58 anos, Dona Zélia ao desembarcar na cidade do Rio de Janeiro, no mesmo dia 12 de agosto, recebe a noticia da morte de seu amado esposo.No mesmo instante cai de joelhos em prantos de dor e saudades.Envia a todos os filhos um telegrama dizendo:”Bendigamos a DEUS, teu pai faleceu, Santo!”
No túmulo do Sr Jerônimo foi colocada a Imagem da Virgem de Lourdes que estava na fazenda Santa Fé.
Ficando viúva,Dona Zélia, novamente sente o chamado a vida religiosa, consagrada, sendo assim participa de um retiro para senhoras e ao final e diante do Padre Diretor, professa os votos de pobreza, castidade e obediência.Em sua aliança de casamento mandou gravar o nome de JESUS ao lado do nome de Jerônimo.No ano de 1912 fundou-se na cidade do Rio de Janeiro, o Convento das Servas do Santíssimo Sacramento, sendo elas de vida de clausura.Consultando seus filhos, seu confessor e vários Bispos, fez seu pedido de admissão, que foi enviado a Roma no dia 21 de novembro de 1912.Sendo aceita pela Madre Geral, Dona Zélia com mãe amorosa de seus 9 filhos, sai em peregrinação aos Conventos e Mosteiros onde estavam  seus filhos e filhas para abraçá-los pela ultima vez ,pois ao final entraria para sempre  na Clausura!
Foram seis meses de viagens e despedidas, até que no  22 de Janeiro de 1918, ela estava com 62 anos, dois de seus filhos estavam presentes na profissão e entrada na Clausura das Sacramentinas.Foi suas núpcias pela segunda  e ultima vez.Dona Zélia é toda dedicação e amor para com todas as irmãs.Por ter facilidades com outros idiomas, Zélia dedica-se as traduções, principalmente as cartas do Fundador : Padre Eymard.Alguns meses se passaram e Dona Zélia passou a sentir dores nas costas, palpitações e dores no peito, decidem as irmãs pela imediata vestiçao do hábito de Zélia.
Vieram seus filhos, Padre Jerônimo, Padre Fernando E Frei João José, alem da filha mais velha, Irmã Elisa, Padre Jerônimo, benzeu o habito e o véu branco de sua mãe e disse:”Minha mãe, de hoje em diante não vos chamarei mais Zélia Pedreira de Castro Magalhães e sim SÓROR MARIA DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO.A emoção tomou conta de todos, e assim Zelia lembrou de Nhá Chica e suas profecias todas cumpridas.
No dia 15 de agosto de 1919 a Noviça Sóror Maria, começou a sentir o agravamento de suas enfermidades, contorcia-se em dores sem gemer nem reclamar, tudo oferecia pela santificação de seus filhos e por amor ao SENHOR, a cada instante tudo se agravava,levada ao Hospital era cercada de carinho pelos filhos, pelas religiosas, amigos, e sua felicidade foi maior quando pode fazer seus votos perpétuos na cama, era o dia 04 de setembro de 1919,e foi no dia da Natividade de Nossa Senhora, 08 de setembro de 1919 á uma hora da manha que a Sóror Maria do Santíssimo Sacramento entrega sua  santa alma ao SENHOR.
Grande foi a multidão que se fez presente no velório e enterro, emoção e lagrimas de tantos quantos foram tocados pelo amor de Dona Zélia.
Hoje os dois estão a caminho dos altares, e rogamos ao Bom DEUS que logo os vejamos declarados Santos.
Amem, Paz e bem!
Marcio Antonio Reiser OFS






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